O martírio de Santo Estêvão nos recorda quem é o protagonista do Natal | Custodia Terrae Sanctae

O martírio de Santo Estêvão nos recorda quem é o protagonista do Natal

As portas do céu se abriram para Santo Estêvão entrar; foi ele o primeiro dos mártires a ser coroado no céu”. Com esta antífona, cantada durante a oração das Segundas Vésperas do dia 26 de setembro, os freis da Custódia da Terra Santa recordaram o protomártir Estêvão no lugar onde a tradição sugere ser o lugar de sua lapidação. Neste lugar, de fato, os franciscanos fazem uma peregrinação um dia após o Natal, sempre muito participada também por fiéis e peregrinos. Os Atos dos Apóstolos (At. 6, 8-15; 8, 13) narram a prisão, o processo e a lapidação de Estêvão que, com este extremo sacrifício, se converteu no primeiro mártir da Igreja.

Em Jerusalém é possível distinguir dois lugares para designar o local exato da lapidação de Santo Estêvão, correspondente a duas tradições diferentes: a primeira coloca o episódio na parte leste da cidade, na parte externa da chamada porta dos leões; a outra o coloca na parte norte, onde hoje se encontra a igreja de Saint-Étienne dos freis dominicanos. Com o tempo acabou prevalecendo a primeira hipótese, ou seja, aquela que situa o local do martírio fora da porta dos leões (por isso chamada também porta de Santo Estêvão). A favor desta hipótese estaria uma antiga tradição judaico-cristã e a proximidade geográfica com o Tempo.

Hoje neste lugar, situado a poucos metros da Basílica das Nações no Getsêmani, se encontra uma gruta coberta por uma capela greco-ortodoxa intitulada justamente como Santo Estêvão, adornada com pinturas nas paredes que ilustram a vida do santo. “Aqui” (hic), foram presididas as Vésperas pelo Fr. Zacheusz Drazek, do convento vizinho do Getsêmani, enquanto que o comentário à palavra foi feito por Fr. Sinisa Srebrenovic.

“Hoje recebemos um tapa”, começou Fr. Sinisa em sua homilia. “Recebemos um tapa moral da parte daqueles que morrem por Jesus. Ontem festejamos o nascimento do Salvador, mas hoje a liturgia nos propõe a memória de Estêvão, o primeiro mártir, aquele que deu tudo por Cristo. A liturgia, portanto, parece quase que nos sugerir de esquecer os festejos pelo nascimento de Jesus e nos exorta a despertar. Nos aconselha a acordar do consumismo natalício. Nestes dias, de fato, corremos o risco de esquecer-nos do verdadeiro protagonista da festa, que é aquele pelo qual devemos estar dispostos, assim como Estêvão, a dar a vida, ou seja, Jesus Cristo. Nós aqui em Jerusalém, onde temos a graça de viver nestes lugares santos, devemos dar ainda mais testemunho com a nossa vida. A nossa liturgia mesmo de Jerusalém nos chama a fazê-lo. O tapa da liturgia de hoje é este: não há somente o belo da vinda ao mundo de Cristo, mas também o terrível do martírio de Estêvão. Este grande santo hoje nos ensina e nos recorda quem é o protagonista da festa que celebramos ontem”.

Ao final das Vésperas, os franciscanos e os presentes veneraram no santuário o lugar que recorda o extremo sacrifício de Estêvão, apoiando as velas acesas nos degraus de pedra presentes na gruta. Estes relevos orográficos são particularmente importantes também para a determinação de lugar do martírio do santo. Tais relevos, de fato, encontram continuidade com os degraus escavados na rocha, situados sob a esplanada do Templo, onde se encontrava a antiga estrada de acesso ao antigo muro.

 

Filippo De Grazia