Gaza – reflexão | Custodia Terrae Sanctae

Gaza – reflexão

De muitas partes nos solicitam que expressemos nossa opinião sobre o que está acontecendo em Gaza. Nada dissemos até agora pois, honestamente, não sabemos o que dizer. As Instituições eclesiais são informadas e se expressam a respeito. Por isso, não nos parece necessário repetir o que outros publicam, no rito já costumeiro de declarações equilibradas e corretas. Em certas ocasiões, as costumeiras exortações de cessar as hostilidades, que convidam ao diálogo, mesmo sendo verdadeiras e necessárias, parecem longe da realidade, a ponto de parecer mensagens hipócritas. Sobre esse enésimo e inútil banho de sangue, porém, devemos fazer algumas considerações.
1. Mais uma vez, violência, morte e destruição são a linguagem comum em que nos encontramos. E não tem sentido começar a discutir sobre quem iniciou, fazer a conta dos mortos e atribuir a responsabilidade. Sabemos apenas que não se chegou à solução alguma e será somente questão de tempo, antes que tudo isso recomece, numa espécie de círculo vicioso. Infelizmente, uma solução global nos parece muito longínqua.
2. Fazemos votos de que essa violência não degenere em novos atentados e outras formas de vingança, que nos levem a tempos passados. É preciso que todos os responsáveis voltem à moderação e impeçam toda forma de perigosa escalada de violência.
3. Diante de tanta violência e impotência de todos, para nós, que cremos, a oração resta o único recurso. Ela nos é necessária como o ar que respiramos, para que nos consinta de ver o que acontece com um olhar de fé. Quem crê deveria olhar o mundo com os olhos de Deus, que é Pai, justo e misericordioso. É o único modo para não cair na lógica da violência e da rejeição do outro, testemunha desse enésimo conflito. Apesar de tudo o que está acontecendo, ainda devemos crer no Outro. Sem Deus é impossível.
4. Nossas Comunidades religiosas devem empenhar-se, mais do que nunca, nas muitas pequenas iniciativas de diálogo e paz. Não mudaremos o mundo na Terra Santa, mas seremos aquela pequena quantidade de oxigênio, que nos fará constatar que, apesar de tudo, há ainda muitas pessoas que rejeitam essa lógica e estão dispostos a se empenhar pela paz, com seriedade e concretamente.
Depende, sobretudo, das Insituições que trabalham com jovens, a quem está confiado nosso futuro, tomar as iniciativas de diálogo.
5. Enquanto no Oriente Médio acontecem trasformações, parece que na Santa tudo permanece imutável. Tanto na Terra Santa como no resto do Oriente Médio, contudo, as Comunidades cristãs são chamadas a dar testemunho, a transmitir confiança e não deixar espaço ao fanatismo. Hebreus, muçulmanos e cristãos são chamados aqui, nesta Terra, pela Providência, a viver juntos. Queremos demonstrar com a vida que essa vocação é possível e realizável. E com essa certeza recomeçaremos.