Esta é a crônica da noite santa de Belém, uma noite tão longa que por assim dizer, se inicia de dia. No coração da Terra Santa o aspecto religioso envolve todo um complexo de ritos, protocolos, vida social e política que não podem ser separados.
1) O prólogo em Jerusalém
A Noite Santa de Belém se inicia em Jerusalém. Por volta do meio dia os notáveis da paróquia de Jerusalém, guiados por seu “mukhtar” o senhor Jakob Amer, se juntam ao Patriarca latino para o acompanhar até Belém. O patriarca Fouad Twall os recebe juntamente com os clérigos, o pároco de Jerusalém Pe. Feras Hejazin e os bispos William Shomali e Kamal Bathish, que após os discursos e saudações se cumprimentam desejando a todos um Feliz Natal.
2) O cortejo até Belém
Se forma um longo cortejo de automóveis ( mais de sessenta), o qual, escoltado pela polícia israelense chega até o mosteiro greco-ortodoxo de Mar Elias, que marca o limite da paróquia de Jerusalém, onde esperam os prefeitos das cidades vizinhas de Beit Sahur e Beit Jala, juntamente com os membros de suas comunidades e o Pe. Ibrahim Faltas, responsável pelo protocolo da Autoridade Nacional da Palestina com a Custodia da Terra Santa. Esta é uma das raras ocasiões na qual é permitido automóveis com placa palestina em território de Israel. Após os cumprimentos o cortejo segue até parar novamente na tumba de Raquel ( limite da prefeitura de Belém), onde aguardam os representantes das associações católicas guiados pelo pároco de Belém Pe. Mawan Di’des. Superado a última barreira, o longo cortejo, que agora conta com mais de cem automóveis, segue até a Basílica da Natividade. É um grande dia de festa para Belém e todos os habitantes vão até a estrada para celebrar, se encontrar, festejar e acolher o Patriarca e demais ministros que chegam a Belém para celebrar o Natal. Pela estrada se encontram também os cristãos de outras cidades como Jericó, Jerusalém e Ramallah, vindos a Belém para viverem este clima de alegria com os parentes e amigos da cidade. Para Belém, o Natal é uma manifestação de identidade coletiva, como ressaltou o Patriarca em sua homilia na Missa da Noite: “Somos felizes porque dentre todos os continentes e lugares do mundo, Deus escolheu a nossa terra, a Palestina, como pátria do Salvador”.
3) A chegada na Praça da Manjedoura e a ingresso do Patriarca na Basílica da Natividade
Finalmente o cortejo chega a Basílica da Natividade, com um atraso de noventa minutos que causou mal estar entre os ministrantes, os quais, em seus respectivos lugares na grande praça segundo o rígido protocolo do status quo, esperaram por todo o tempo no frio; mas sobretudo porque em razão do atraso seria necessário cancelar a liturgia das Primeiras Vésperas do Natal. Entre fotógrafos e jornalistas de todo o mundo, o patriarca foi acolhido pelas autoridades, entre os quais o prefeito Victor Batarse, o governador Abdelfatah Hmayel e o chefe de polícia Khaled Tamini, procedendo o ingresso solene na Basílica. Diante da “porta da humildade” acontecem os ritos introdutórios, presididos pelo guardião do convento de Santa Catarina, P. Stéphane Milovitch, sob os olhares atentos dos representantes da Igreja greco-ortodoxa e armena.
4) Conclusão do ingresso do Patriarca na Igreja de Santa Catarina e procissão à gruta da Natividade
O patriarca com seu séquito entram na Basílica da Natividade e fazem seu ingresso na Igreja de Santa Catarina passando pelo claustro de São Jerônimo. A liturgia se conclui com a saudação do pároco de Belém e a benção do Patriarca. Após un breve intervalo chega a hora da procissão até a gruta da Natividade, presidida pelo guardião P. Stéphane com a assistência do patriarca mons. Fouad, sob o belíssimo som dos cantos latinos próprios desta procissão. São incensados a estrela que assinala o lugar da encarnação do Verbo e a mangedoura onde foi colocado o Menino Jesus.
5) O jantar com o presidente da Autoridade Nacional da Palestina, Mahmoud Abbas
Todos os anos, os frades menores da custódia da Terra Santa convidam o presidente da Autoridade Nacional da Palestina para um jantar, tanto que este evento tornou-se tradição, fazendo parte do protocolo dos eventos natalícios de Belém. Na ausência do Custódio da Terra Santa Pe. Pierbattista Pizzaballa ( ocupado com as celebrações litúrgicas em Nazaré), fez as honras da casa o seu vigário Pe. Artêmio Vitores. Falando em italiano ajudado pela tradução para o árabe feita por Pe. Ibrahim Faltas, Pe. Artemio recordou o significado do Natal para São Francisco e agradeceu o presidente Abbas por aceitar o convite e sobretudo por seu trabalho pelo sustento da esperança, da paz e da liberdade para a Palestina. Então tendo tomado a palavra o patriarca Fouad Twal, agradeceu os frades menores pela acolhida e desejou ao presidente Abbas que ele possa continuar seu empenho político pela paz na Palestina, a paz anunciada pelos anjos em Belém na noite de Natal. No Jantar também estavam presentes o primeiro ministro do estado insular de São Vicente e Granadinas, um representante dos Emirados Árabes, o primeiro ministro da Autoridade Palestina o sr. Salam Fayyad e o ministro do exterior da Jordânia o sr. Mansour Giuda, che reportou as saudações do Rei Abdallah e recordou o empenho ativo de seu país em favor das igrejas cristãs. Tomando a palavra o presidente Mahmoud Abbas agradeceu aos franciscanos pela festa que se repete todos os anos e desejou paz, amor e serenidade a todos os cristãos da Palestina. “Nós continuaremos a trabalhar pela paz na Palestina e no mundo árabe- disse o presidente- e desejamos relação de boa vizinhança com Israel. Todos devem compreender que a paz convém a todos”.
6) A Santa Missa da Noite de Natal
E finalmente chega o momento mais esperado, a santa missa que representa de maneira real a encarnação e a paixão de Cristo, renovando o prodígio da salvação pela misericórdia de Deus. A missa foi precedida pelo “Presépio de Greccio”, um momento de oração que recorda a invenção do presépio e o significado do Natal para São Francisco. Então a liturgia teve seu início com o Ofício das Leituras e a Missa com o canto do Glória, o toque dos sinos e o desvelamento da tradicional imagem do Menino de Belém pelo primeiro sacristão Frei John Bomah. Os cantos foram executados pelo coro Yasmeen do Instituto Magnificat e pelo coro da Custodia da Terra Santa dirigidos por Hania Soudah Sabbara , acompanhados do órgão pelo Pe. Armando Pierucci, que também compôs os cantos da missa (Gloria, Sanctus e Agnus Dei), executados neste dia pela primeira vez. A estes se juntou o coral de S. Angela de Budapest, que veio acompanhado de uma representação diplomática da Ungria guiada pelo vice primeiro ministro Zsolt Semién, o qual se reuniu com outras representações diplomáticas consulares tradicionalmente presentes na Missa da Noite de Natal. O presidente Mahmoud Abbas esteve presente do início da missa até a conclusão da homilia do Patriarca ( como muçulmano , o presidente deixa a Igreja antes do início da liturgia eucarística juntamente com os demais membros muçulmanos de seu staff; os cristãos por sua vez permanecem). A Santa Missa foi presidida pelo patriarca Fouad Twal, ladeado pelos bispos Wiliam Shomali e Kamal Bathish do patriarcado Latino, o bispo Melki da Igreja Sírio-Católica, o arcebispo Minassian da Igreja armeno-católica, o exarca armeno-católico Telekian e o bispo emérito de Vigevano Claudio Baggini, juntamente a dezenas de sacerdotes provenientes da Terra Santa e de todo o mundo. Ao mesmo tempo em que se celebrava a missa solene na Igreja de Santa Catarina, a paróquia de Belém com os seus sacerdotes celebrou a missa de Natal na gruta. Ao fim da missa na igreja de Santa Catarina o Patriarca tomou a imagem do Menino Jesus colocada sob o altar para levá-la em procissão com todos os frades e celebrantes na gruta da Natividade: alí a imagem foi colocada primeiramente sobre a estrela e depois no presépio, com uma tocante liturgia que por motivo de espaço é limitada a poucos, mas que foi possível ser vista graças as imagens da televisão palestina. Na gruta foram celebradas Santas Missas ao longo de toda a noite.
Texto de Frei Riccardo Ceriani
Foto Ingresso Patriarca de Marco Gavasso
Foto S. Missa de Natal e Procissão na Gruta de Giovanni Zennaro e Alice Caputo
1) O prólogo em Jerusalém
A Noite Santa de Belém se inicia em Jerusalém. Por volta do meio dia os notáveis da paróquia de Jerusalém, guiados por seu “mukhtar” o senhor Jakob Amer, se juntam ao Patriarca latino para o acompanhar até Belém. O patriarca Fouad Twall os recebe juntamente com os clérigos, o pároco de Jerusalém Pe. Feras Hejazin e os bispos William Shomali e Kamal Bathish, que após os discursos e saudações se cumprimentam desejando a todos um Feliz Natal.
2) O cortejo até Belém
Se forma um longo cortejo de automóveis ( mais de sessenta), o qual, escoltado pela polícia israelense chega até o mosteiro greco-ortodoxo de Mar Elias, que marca o limite da paróquia de Jerusalém, onde esperam os prefeitos das cidades vizinhas de Beit Sahur e Beit Jala, juntamente com os membros de suas comunidades e o Pe. Ibrahim Faltas, responsável pelo protocolo da Autoridade Nacional da Palestina com a Custodia da Terra Santa. Esta é uma das raras ocasiões na qual é permitido automóveis com placa palestina em território de Israel. Após os cumprimentos o cortejo segue até parar novamente na tumba de Raquel ( limite da prefeitura de Belém), onde aguardam os representantes das associações católicas guiados pelo pároco de Belém Pe. Mawan Di’des. Superado a última barreira, o longo cortejo, que agora conta com mais de cem automóveis, segue até a Basílica da Natividade. É um grande dia de festa para Belém e todos os habitantes vão até a estrada para celebrar, se encontrar, festejar e acolher o Patriarca e demais ministros que chegam a Belém para celebrar o Natal. Pela estrada se encontram também os cristãos de outras cidades como Jericó, Jerusalém e Ramallah, vindos a Belém para viverem este clima de alegria com os parentes e amigos da cidade. Para Belém, o Natal é uma manifestação de identidade coletiva, como ressaltou o Patriarca em sua homilia na Missa da Noite: “Somos felizes porque dentre todos os continentes e lugares do mundo, Deus escolheu a nossa terra, a Palestina, como pátria do Salvador”.
3) A chegada na Praça da Manjedoura e a ingresso do Patriarca na Basílica da Natividade
Finalmente o cortejo chega a Basílica da Natividade, com um atraso de noventa minutos que causou mal estar entre os ministrantes, os quais, em seus respectivos lugares na grande praça segundo o rígido protocolo do status quo, esperaram por todo o tempo no frio; mas sobretudo porque em razão do atraso seria necessário cancelar a liturgia das Primeiras Vésperas do Natal. Entre fotógrafos e jornalistas de todo o mundo, o patriarca foi acolhido pelas autoridades, entre os quais o prefeito Victor Batarse, o governador Abdelfatah Hmayel e o chefe de polícia Khaled Tamini, procedendo o ingresso solene na Basílica. Diante da “porta da humildade” acontecem os ritos introdutórios, presididos pelo guardião do convento de Santa Catarina, P. Stéphane Milovitch, sob os olhares atentos dos representantes da Igreja greco-ortodoxa e armena.
4) Conclusão do ingresso do Patriarca na Igreja de Santa Catarina e procissão à gruta da Natividade
O patriarca com seu séquito entram na Basílica da Natividade e fazem seu ingresso na Igreja de Santa Catarina passando pelo claustro de São Jerônimo. A liturgia se conclui com a saudação do pároco de Belém e a benção do Patriarca. Após un breve intervalo chega a hora da procissão até a gruta da Natividade, presidida pelo guardião P. Stéphane com a assistência do patriarca mons. Fouad, sob o belíssimo som dos cantos latinos próprios desta procissão. São incensados a estrela que assinala o lugar da encarnação do Verbo e a mangedoura onde foi colocado o Menino Jesus.
5) O jantar com o presidente da Autoridade Nacional da Palestina, Mahmoud Abbas
Todos os anos, os frades menores da custódia da Terra Santa convidam o presidente da Autoridade Nacional da Palestina para um jantar, tanto que este evento tornou-se tradição, fazendo parte do protocolo dos eventos natalícios de Belém. Na ausência do Custódio da Terra Santa Pe. Pierbattista Pizzaballa ( ocupado com as celebrações litúrgicas em Nazaré), fez as honras da casa o seu vigário Pe. Artêmio Vitores. Falando em italiano ajudado pela tradução para o árabe feita por Pe. Ibrahim Faltas, Pe. Artemio recordou o significado do Natal para São Francisco e agradeceu o presidente Abbas por aceitar o convite e sobretudo por seu trabalho pelo sustento da esperança, da paz e da liberdade para a Palestina. Então tendo tomado a palavra o patriarca Fouad Twal, agradeceu os frades menores pela acolhida e desejou ao presidente Abbas que ele possa continuar seu empenho político pela paz na Palestina, a paz anunciada pelos anjos em Belém na noite de Natal. No Jantar também estavam presentes o primeiro ministro do estado insular de São Vicente e Granadinas, um representante dos Emirados Árabes, o primeiro ministro da Autoridade Palestina o sr. Salam Fayyad e o ministro do exterior da Jordânia o sr. Mansour Giuda, che reportou as saudações do Rei Abdallah e recordou o empenho ativo de seu país em favor das igrejas cristãs. Tomando a palavra o presidente Mahmoud Abbas agradeceu aos franciscanos pela festa que se repete todos os anos e desejou paz, amor e serenidade a todos os cristãos da Palestina. “Nós continuaremos a trabalhar pela paz na Palestina e no mundo árabe- disse o presidente- e desejamos relação de boa vizinhança com Israel. Todos devem compreender que a paz convém a todos”.
6) A Santa Missa da Noite de Natal
E finalmente chega o momento mais esperado, a santa missa que representa de maneira real a encarnação e a paixão de Cristo, renovando o prodígio da salvação pela misericórdia de Deus. A missa foi precedida pelo “Presépio de Greccio”, um momento de oração que recorda a invenção do presépio e o significado do Natal para São Francisco. Então a liturgia teve seu início com o Ofício das Leituras e a Missa com o canto do Glória, o toque dos sinos e o desvelamento da tradicional imagem do Menino de Belém pelo primeiro sacristão Frei John Bomah. Os cantos foram executados pelo coro Yasmeen do Instituto Magnificat e pelo coro da Custodia da Terra Santa dirigidos por Hania Soudah Sabbara , acompanhados do órgão pelo Pe. Armando Pierucci, que também compôs os cantos da missa (Gloria, Sanctus e Agnus Dei), executados neste dia pela primeira vez. A estes se juntou o coral de S. Angela de Budapest, que veio acompanhado de uma representação diplomática da Ungria guiada pelo vice primeiro ministro Zsolt Semién, o qual se reuniu com outras representações diplomáticas consulares tradicionalmente presentes na Missa da Noite de Natal. O presidente Mahmoud Abbas esteve presente do início da missa até a conclusão da homilia do Patriarca ( como muçulmano , o presidente deixa a Igreja antes do início da liturgia eucarística juntamente com os demais membros muçulmanos de seu staff; os cristãos por sua vez permanecem). A Santa Missa foi presidida pelo patriarca Fouad Twal, ladeado pelos bispos Wiliam Shomali e Kamal Bathish do patriarcado Latino, o bispo Melki da Igreja Sírio-Católica, o arcebispo Minassian da Igreja armeno-católica, o exarca armeno-católico Telekian e o bispo emérito de Vigevano Claudio Baggini, juntamente a dezenas de sacerdotes provenientes da Terra Santa e de todo o mundo. Ao mesmo tempo em que se celebrava a missa solene na Igreja de Santa Catarina, a paróquia de Belém com os seus sacerdotes celebrou a missa de Natal na gruta. Ao fim da missa na igreja de Santa Catarina o Patriarca tomou a imagem do Menino Jesus colocada sob o altar para levá-la em procissão com todos os frades e celebrantes na gruta da Natividade: alí a imagem foi colocada primeiramente sobre a estrela e depois no presépio, com uma tocante liturgia que por motivo de espaço é limitada a poucos, mas que foi possível ser vista graças as imagens da televisão palestina. Na gruta foram celebradas Santas Missas ao longo de toda a noite.
Texto de Frei Riccardo Ceriani
Foto Ingresso Patriarca de Marco Gavasso
Foto S. Missa de Natal e Procissão na Gruta de Giovanni Zennaro e Alice Caputo